domingo, 3 de junho de 2012

Bombeiros de SP ensinam ao país o salvamento marítimo

Por Guilherme Uchoa


Apesar do verão ter oficialmente terminado e as temperaturas estarem gradativamente caindo, a quarta-feira amanheceu ensolarada em Praia Grande, no litoral paulista, ambiente perfeito para banhistas passarem a tarde à beira mar, desfrutando o clima agradável em cadeiras de praia.


Mas o cenário local não era de banhistas, cadeiras de praia ou belas mulheres. Na verdade, o que se viu despertou a curiosidade das poucas pessoas que passavam pela faixa de areia da praia do bairro Ocian: 40 jovens uniformizados divididos em duas fileiras formadas de frente para o mar aguardam o pouso do helicóptero Águia 10 da Polícia Militar. 


Ao sinal de um dos membros da aeronave, um integrante de cada fila corre, entra no águia de aço, que decola rumo ao oceano. Depois de aproximadamente três minutos, o helicóptero retorna à areia trazendo os dois rapazes encharcados, pendurados por uma rede semelhante à usada por pescadores.


Nesses minutos que ficavam em mar aberto, a dupla pulava na água onde um deles fazia o papel de vítima e o outro tinha a função de prestar o resgate. Com auxilio da ‘rede de pesca’, os dois eram recolhidos pelo helicóptero e trazidos em segurança para terra.  Em alguns casos, a dupla era obrigada a ‘pagar’ flexões diante do grupo de instrutores por deslizes cometidos durante a operação.


Esse foi o treinamento que os alunos do Curso de Guarda Vidas do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) do Guarujá estavam realizando nas areias do Ocian naquela tarde. A atuação do GBMar (ex “17º Grupamento de Bombeiros”) abrange todo o litoral paulista, sendo sua responsabilidade todos os 15 municípios litorâneos, desde Ubatuba, na divisa com o Rio de Janeiro, até Ilha Comprida, divisa com Paraná.


Curso de Guarda Vidas é o melhor do país


O curso ministrado pela unidade do Corpo de Bombeiros do Guarujá, especializada em resgates aquáticos, é um dos mais requisitados e respeitados no país. Durante as 222 horas de carga horária, o bombeiro aprende todas as técnicas de salvamento e resgate marítimo, além da utilização correta de diversos equipamentos necessários para essa função.


“Os alunos são profissionais do Corpo de Bombeiros que, quando chegam nesta unidade, precisam se especializar na profissão de guarda vidas. É realizado um curso de seis semanas onde são passadas noções de oceanografia, natação e educação física aplicada, prevenção e salvamento aquático, técnica básica de recuperação de afogado, conhecimentos elementares sobre o mar, relacionamento do guarda vidas com o público e noções sobre embarcações miúdas. Depois desse treinamento, ele está apto a trabalhar com o uniforme nas praias”, explicou o capitão Ricardo Pelliccioni, coordenador do curso de formação.

Pela qualidade apresentada no curso e nos treinamentos aplicados, o grupamento atrai diversos oficiais de outros locais, que buscam uma melhor formação.


“É um curso de bastante expressão no cenário nacional. Os Corpos de Bombeiros de diversos estados mandam integrantes para se formarem aqui e levarem o conhecimento adquirido para ser multiplicado. Já formamos integrantes do Ceara, Pernambuco e, no último curso, tivemos dois de uma corporação do Chile”, disse o capitão. “É comum ter pessoas de fora fazendo esse curso, que acabou se tornando uma referencia nacional no serviço de guarda vidas. Na turma atual, por exemplo, temos dois oficiais do corpo de bombeiros do Maranhão”, concluiu.


O tenente Diego Renier Cantanhêde Machado, de 23 anos, é um dos oficiais da atual turma vindos do estado nordestino. Segundo ele, que ao lado do também maranhense Jeferson Ferreira Serra, está na quinta semana do curso - o “know how” que São Paulo possui foi o grande motivo para sua vinda.


“São Paulo é referencia para o Brasil inteiro e tem as técnicas mais atualizadas de salvamento aquático. Por isso, o estado do Maranhão resolveu mandar dois oficiais para aprender um pouco mais e multiplicar esses conhecimentos”, afirmou Renier, que destaca a importância de membros de locais diversos participarem do curso paulista. “É muito interessante mandar oficiais de outros estados para São Paulo porque o intercâmbio e a trocas de experiência de farda engrandecem os dois estados”.


Opinião semelhante possui o tenente Rodrigo Fiorentini, responsável pela instrução aos alunos do curso durante a atividade em Praia Grande. “São Paulo já tem uma doutrina, um procedimento arraigado, então os outros estados, buscando novos conhecimentos, novas experiências, vêm verificar como é o trabalho aqui”, explica.


Assista ao treinamento realizado pelos alunos do CGV do GBMar



Fotos e vídeo: Guilherme Uchoa

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